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Paralelepípedo




Tarde de domingo e a garoa fina caia sobre a cidade, umedecendo o asfalto, as plantas e também a melancolia e a ansiedade de minha alma. Ansiedade essa que não mais eu conseguia dominar, reprimir ou esconder; e em uma atitude espontânea entrei no carro, e me dirigi até o local que minha alma tanto buscava.
Passei por uma praça com árvores frondosas de um verde intenso, desci a rua, observei a padaria de muro azul na esquina do lado esquerdo, continuei descendo e avistei o nome da rua; meu coração bateu forte, acelerado, as mãos trêmulas e suavam frio, o riso nos lábios, a sensação de adolescência, bem típica de uma menina de 14 anos quando para na frente do garoto de que gosta, e o sorriso bobo toma-lhe a face os olhos brilham, cintilam, praticamente gritam um turbilhão de emoções do momento que nos deixa de pernas bambas, pois foi assim que fiquei.
Quando entrei na rua de paralelepípedo estreita e observei as casas uma ao lado da outra, uma construção de arquitetura antiga, na hora me veio à mente o que sempre sonhei, a rua com casas sem portão, que lembra uma vilinha romântica e aconchegante.
Continuei a andar e avistei ao longe a casa de cor azul com janelas brancas, na pequena sacada "bandorações" com mantras e imagens sagradas impressas em tecido e quando ondulam livre com o vento distribuem as orações e os mantras nelas inscritas gerando bênçãos e benefícios para todos os seres.
O número pintado em branco contrastava com o azul intenso e eu não conseguia esconder o encantamento de observar a casa e a rua.
Subi os dois degraus diante da pequena varanda e parei em frente à porta de madeira; do lado esquerdo um pequeno toco de árvore como se fosse um banquinho, um mantra acima da porta; fiquei parada sentindo a energia que tomava conta do meu íntimo, questões de segundos fiquei ali somente observando...sentindo.
Ouvia-se o borborinho das pessoas conversando, uma alegre reunião de família, algumas casas tinham luzes acessas e via-se o vulto dos corpos a passear por entre os cômodos.
Eu não poderia continuar ali parada, quando percebi que estava sendo observada, levantei o braço e levemente levei o dedo indicador até a campainha, que apertei em um misto de euforia, timidez e vergonha; como se estivesse a tocar quem eu tanto almejava.
Virei-me, entrei no carro, fui deixando para trás a casa azul, a romântica rua de paralelepípedos com o sorriso tímido nos lábios e a felicidade das emoções obtidas naquela fração de segundos..

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